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  Arelate, Gália, ano 50 antes de Cristo (antes da Era Comum). Ano 704 Ab Urbe Condita, na contagem romana.           “Vai ser um dia nem um pouco fácil”, pensou Adela logo após discutir com a mãe, enquanto abria a porta de madeira que ligava sua casa às ruas de terra batida de Arelate. Teve a impressão de ouvir, abafado, um “Epona te proteja” da mãe quando estava saindo. “Epona deve ter menos dores de cabeça cuidando dos cavalos”. Mesmo contrariada, ela não poderia deixar de trabalhar naquele dia, e ela sabia disso. O que a aliviava, era a temperatura local. Adela não se lembrava da última vez em que sentira o clima tão agradável na cidade, após aquele longo último inverno. Ao ir se aproximando do centro do vilarejo, foi enxergando aos poucos, em meio ao movimento, figuras conhecidas, como sua vizinha Nemetia, que acenou entusiasmada para ela. Adela retribuiu com um sorriso, já que não conseguia mexer os braços enquanto carregava o...
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  Nova York, 22 de dezembro de 1958.           Não havia uma nuvem sequer no céu daquela fria madrugada novaiorquina. As ruas do Greenwich Village quase imploravam por algo que findasse seu marasmo na mesma proporção com que a cerração tomava conta da superfície dos carros (o que marcava de vez a chegada do inverno). Um homem aparentemente de meia idade, cabelo grisalho e barba por fazer, fumava seu Lucky Strike enquanto lia um jornal surrado com a data do dia anterior na porta dos fundos de um restaurante italiano, tendo sua atenção interrompida apenas por um casal de namorados que passava na calçada enquanto protagonizavam uma discussão calorosa.           Do outro lado da rua se encontrava o Café Bohemia , um dos bares de jazz mais conhecidos de Manhattan. Famoso por seus inúmeros shows de talentos noturnos, oportunidades dadas a jovens aspirantes a novos artistas do cenário mais ...
 Antes de qualquer coisa, ALERTA DE GATILHO: SUICÍDIO. Hoje, dia 21/10/2024, eu mais do que nunca afirmo com a maior convicção que já tive: eu desejo a morte. É triste desejar o fim da única coisa que me embasa como ser existente. Afinal, se não fosse a minha vida, eu não existiria, certo? Eu não "seria". Nada importaria. De alguma forma o cérebro humano, ou pelo menos a maioria deles, constrói a conclusão de que isso é passível de um sentimento ruim, a chamada tristeza, ou luto. Não sou grande conhecedor de todas as culturas do mundo, se existe alguma cultura que vê como boa a não existência de alguém, ou nesse caso a transmutação física de um corpo auto movente para um que não se move mais por si só (pois a morte física é isso), então eles fogem à regra da sociedade em que eu sou inserido. Talvez eles vivam melhor, mesmo talvez estando errados. O que a mente não sabe, o coração talvez não sinta. O resumo da lorota que eu acabei de escrever é: quase que matematicamente, quan...