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 Antes de qualquer coisa, ALERTA DE GATILHO: SUICÍDIO.


Hoje, dia 21/10/2024, eu mais do que nunca afirmo com a maior convicção que já tive: eu desejo a morte. É triste desejar o fim da única coisa que me embasa como ser existente. Afinal, se não fosse a minha vida, eu não existiria, certo? Eu não "seria". Nada importaria. De alguma forma o cérebro humano, ou pelo menos a maioria deles, constrói a conclusão de que isso é passível de um sentimento ruim, a chamada tristeza, ou luto. Não sou grande conhecedor de todas as culturas do mundo, se existe alguma cultura que vê como boa a não existência de alguém, ou nesse caso a transmutação física de um corpo auto movente para um que não se move mais por si só (pois a morte física é isso), então eles fogem à regra da sociedade em que eu sou inserido. Talvez eles vivam melhor, mesmo talvez estando errados. O que a mente não sabe, o coração talvez não sinta.

O resumo da lorota que eu acabei de escrever é: quase que matematicamente, quando alguém próximo morre, os que permanecem vivos sentem tristeza. Por que? Esse sofrimento é narcisista. É só pra você. Quem se foi, talvez esteja melhor agora. Cara, eu só quero ir embora porque eu não quero mais sofrer. Eu não vejo mais soluções pra minha vida, como foi construída até aqui, no auge dos meus 29 anos. Para você talvez exista uma saída, mas uma saída que serviria para você, e não para mim. O meu cérebro está corroído pelas más escolhas que eu fiz, ou que fizeram para mim quando eu ainda não podia fazê-las. Essas escolhas moldam uma vida como uma pesquisa simples no Google molda todo o algoritmo. Você pesquisou sobre carro e pelo resto dos dias você vai ver propaganda sobre carro. Eu cresci com parentes narcisistas, por exemplo, e isso deixa sequelas. Eu cresci com ninguém realmente se importando com meu sedentarismo, hoje em dia eu tenho 150 quilos e não consigo ter vontade de fazer coisas normais fisicamente. É só um exemplo. Qualquer pessoa com dois neurônios não vai chegar a conclusão de que eu quero me matar pura e simplesmente por estar obeso, não seja debiloide.

Sim, o sedentarismo fodeu não só meu corpo como meu cérebro também, mas isso tá longe de ser a principal causa do meu sofrimento interno. Posso listar uma caralhada. Eu tenho problemas mentais. Eu sou instável, eu sou solitário, eu nunca soube socializar como gente normal tipo um porteiro, um vereador, um motorista de ônibus, um playboy branco de óculos escuro numa festa ou um lutador de jiu jitsu que acha que a vida só serve pra comer gente. Tardiamente eu vim descobrir que sou cheio de sintomas de autismo, e isso só demonstra o tamanho da negligência que me foi dada nos meus anos iniciais de vida. E isso ainda piora quando é dado o fato de que eu fui criado em uma casa com pessoas instruídas (teoricamente), e um médico (pediatra) como patriarca.

Eu não sei nem de onde eu estou tirando forças para escrever tudo isso. Eu já estou em um nível de "foda-se". Até porque se minha existência cessar, teoricamente eu nem vou saber (ou me importar) o que as pessoas acharam disso, ou se alguém leu esse maldito texto. Sinceramente eu não sei por que ainda não tenho forças para consumar o ato. Nada mais consegue me prender aqui. Eu não tenho mais forças para estudar, só de pensar em trabalhar de novo, conviver com gente, aguentar patrão pau no cu já me dá calafrios, eu não tenho ânimo, nem objetivos, nem psicológico para viver isso tudo de novo. Eu não tenho absolutamente nada parecido com uma namorada, venho evitando isso a todo custo há pelo menos uns 6 anos, porque além de não ter nenhuma autoestima para sequer flertar, eu não poderia foder ainda mais a minha cabeça tendo que dar manutenção a um relacionamento. Os poucos amigos que eu ainda tenho não conseguem me ajudar, por mais que eles tentem da maneira deles, nenhum deles vai conseguir me dar motivação ou viver por mim para que eu continue existindo. Todo mundo tem suas vidas e seus problemas próprios para resolver. Por isso o questionamento inicial, por que é triste se alguém simplesmente quer deixar de existir? Ninguém deveria ser obrigado a estar aqui, muito menos quem tá sofrendo de uma maneira incurável. Ser posto ao mundo deveria dar uma responsabilidade eterna para quem o fez, pois pouca gente percebe o peso que isso tem. Parir filho virou banal, completamente banal.

Voltando ao ponto inicial, deixar de existir só tem um efeito prático material: eu deixarei de ter sentidos. Não terei mais terminações nervosas, não terei cérebro, que é onde está inserida a química que causa o sofrimento. Aliás, eu não vou existir mais, por isso não vou "ter" mais nada. É isso, acabou. Eu não quero mais estar aqui. Eu não tenho mais contato com ninguém da minha família, nem por parte de pai nem de mãe. De qualquer forma nunca ligaram de fato para a minha existência, e quando eles receberem a notícia da minha morte eu vou ser só mais uma mensagem no "zap" para contar a fofoca primeiro, antes dos outros. Na minha família só tem gente narcisista, mesquinha, orgulhosa e mentirosa. Por isso talvez eu seja esse lixo que eu me sinto. Longe de mim querer me fazer de vítima, até porque uma das coisas que mais fode o meu cérebro são as lembranças de todas as cagadas que eu fiz ao longo da vida de acordo com as minhas decisões de merda, que causaram consequências que não têm mais volta. Mas a questão é, por quê eu me tornei alguém que tomou todas essas decisões de merda? Com certeza isso veio desse lugar, desse ambiente em que eu fui criado, de todos os bullyings que eu sofri da família e dos colegas de escola, tudo isso molda um ser humano amargurado como eu. Aí, com todas essas informações, eu me pergunto: por que ainda continuar aqui se eu tenho uma família de merda, se eu sou um ser humano de merda? Qual é a vantagem material para mim ou para o mundo se eu continuar presente aqui?

Todas as vezes em que eu realmente precisei de ajuda da minha família, principalmente com saúde mental, física e algumas vezes financeira, eu recebi um grandessíssimo dedo do meio na cara das pessoas a quem eu procurei. Já fui simplesmente ignorado, já tomei sermões sem contexto, discursos moralistas ou virei fofoca no grupo da família (que, diga-se de passagem, desde que o WhatsApp passou a existir, nem adicionado nele eu fui, o que parece um enorme supérfulo, mas enterra qualquer um na própria solidão). Família pra mim é só mais um motivo para não querer mais estar aqui nesse mundo. Queria ter uma família normal, em que ninguém grita, uma casa em paz, onde todos se reúnem para o natal, por exemplo, sem que aconteçam humilhações. Queria ter familiares que não acham normal jogar os piores erros do seu passado na sua cara, pois eu esperaria isso de pessoas estranhas, e geralmente é na família que buscamos apoio quando isso acontece. Se a família te humilha, você vai procurar apoio onde?

Toda vez que eu cogito me matar eu penso em avisar alguém, algum amigo, antes de qualquer coisa. Daí eu comecei a refletir sobre o porquê disso. O que eu ganho contando pra alguém? Geralmente o meu inconsciente espera que esse alguém me impeça de levar isso a cabo. Mas por quê? Talvez seja um mecanismo de defesa da mente, mas sinceramente, o que eu ganho com isso? O meu sofrimento vai persistir mesmo que uma pessoa demonstre se importar comigo, mesmo que me dê palavras de incentivo ou tente me impedir. Talvez no momento isso seja aliviatório, mas eu sei que o sentimento nunca vai embora, e como eu disse anteriormente, nenhum amigo vai viver por mim para que eu continue vivo, e nenhum deles tem uma motivação suficientemente forte para me passar ao ponto de eu virar a chave. Sempre que eu tento seguir a vida eu sinto que estou fazendo esforço demais para uma coisa que eu nem quero. Por isso eu digo, coisas que talvez funcionem para você que está lendo isso não funcionariam para mim. Eu não tenho vontade de virar rato de academia para sair do sedentarismo e melhorar a aparência ou qualquer coisa do gênero, porque eu não vejo motivação para isso. Mesmo que eu me enxergue daqui a uns anos com os resultados do meu esforço, eu só penso "pô, mas era só isso?". Você entende que nada mais me dá vontade de viver?

Antes eu até me preocupava com a minha saúde, pelo menos parcialmente. Ainda me preocupo em tomar remédios da pressão, vitaminas, remédios pro estômago e etc. meio que por simples e puro hábito, mas, por exemplo, eu não tenho mais medo de infartar. Hoje em dia eu penso que nem procuraria ajuda, talvez seja esse o alívio que eu preciso. Talvez uma morte "natural" me dê o empurrão que eu não tenho coragem de dar sozinho. Hoje mesmo eu estava com um pico de pressão alta, dor de cabeça, queimação no estômago e meus remédios tinham acabado. Mandei mensagens para os familiares próximos, pois são eles que me proporcionam a medicação, seja pegando do trabalho ou comprando mesmo. Minha mãe tem parte desses remédios com ela, mas ela os mantém refém no quarto, como se se sentisse importante por ter um motivo para ser chamada por mim, pois se dependesse apenas dela como pessoa eu não sentiria nenhuma vontade de dirigir a palavra a ela. Aparentemente o narcisismo dela é mais importante que a minha saúde. A melhor resposta que eu recebi quando mandei mensagens sobre os remédios foi do meu avô, que é médico, sabe que eu tenho depressão e sabe que eu constantemente penso na morte. Me mandou ir no SUS pedir e depois arrumar um trabalho. Por isso eu penso em simplesmente acabar com tudo, morrer de vez logo. Minha família é esse lixo, e eu prefiro morrer do que trabalhar convencionalmente de novo. Minha mente doente não suporta pressão profissional, muito menos convivência social. E 90% das pessoas subestimam isso, acham uma piada, e quem não quer trabalhar é preguiçoso. Deixa eu contar uma coisa para vocês: trabalhar é uma MERDA, um lixo, você não queria trabalhar, ninguém queria trabalhar, ninguém gosta disso, todos tentam maneiras fáceis de ficarem ricos para não precisarem mais trabalhar. Entre viver na pressão de depender de mim mesmo com essa cabeça doente e morrer, eu prefiro morrer, e isso vai acontecer logo. Ir no SUS? Meu amigo, eu não tenho ânimo nem de ir na esquina, não faço a menor ideia onde fica o posto de saúde mais próximo de onde eu moro, não tenho dinheiro pra ônibus, e só a ideia de que eu posso chegar no suposto posto e nem ter um médico lá pra me receitar algo, já tira qualquer possibilidade de esforço hipotético que eu faria para chegar até lá.

Esses dias um "amigo" meu de alguns anos, que tem como seu principal hobby me provocar sutilmente em conversas aleatórias com temas que ele sabe (ou pensa) que são sensíveis a mim, me provocou por sofrer de depressão. Ele era um dos poucos amigos que eu ainda mantinha contato quase que diário, agora sobraram três. Não existe nenhuma chance, se eu continuar vivo, de eu querer manter contato com uma pessoa que sabe que eu desejo a morte e brinca diretamente com uma coisa dessas, de propósito. Pode provocar aí irmão, meu corpo gelado não vai mais se importar com nada disso, nem com suas risadas, pois eu não terei mais terminações nervosas para saber o que se passa na sua cabeça infeliz.

Para concluir, eu só tenho duas perspectivas de futuro no momento: a morte voluntária ou a completa passividade. Ser um vegetal até o dia em que a vida resolver me dar um fim por si só. Vivendo de migalhas dos outros e do que sobrou dos sonhos que um dia eu já tive (mais uma coisa pra me torturar).

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